Alguns pequenos pecados lingüísticos são normalmente perdoados quando a comunicação é falada, pois não existe o mesmo rigor de avaliação usado para texto escrito, onde a pessoa teve tempo de ler, reler e corrigir. Mesmo assim, o comentário mais benevolente que se ouve quando alguém sai atropelando a gramática é - esse fugiu da escola! E se fugiu não se preparou; e se não se preparou não recebeu boa formação; e se não recebeu boa formação não poderá exercer funções importantes; e se não puder exercer funções importantes - dançou. Vai se sentar na platéia e aprender a bater palmas para os que se prepararam.
Vamos aos três mais comuns:
Fazem dois anos que estou trabalhando na empresa.
É mesmo? E qual é o milagre? Como conseguiu permanecer tanto tempo no emprego falando desse jeito. Quando o verbo fazer faz referência a tempo, ou indica fenômenos da natureza, é impessoal, não tem sujeito, não pode ser flexionado e por isso deve permanecer na terceira pessoa do singular. Assim, deveríamos dizer: Faz dois anos que estou trabalhando na empresa.
O mesmo raciocínio pode ser aproveitado para o verbo haver quando for empregado no sentido de existir, como por exemplo: havia erros em todos os departamentos ... e não, haviam erros em todos os departamentos.
E o prêmio Barrichello vai para haja visto
Fica meio chato associar erros gramaticais com o nosso querido Rubinho Barrichello, mas estou tão acostumado a vê-lo chegar em segundo lugar que não resisti. Espero que quando este artigo for publicado ou você o tiver lido atrasado em um dos consultórios da vida, eu já tenha queimado a língua, haja visto o progresso que ele tem feito com o novo carro. Pois é, o erro é esse mesmo, muita gente usa haja visto no lugar de haja vista.
A expressão haja vista não varia, pois sua formação ocorre com a terceira pessoa do imperativo do verbo haver acrescida de vista, um substantivo feminino.
Como por exemplo: haja vista as grandes contribuições tecnológicas dos últimos tempos.
Portanto, deveríamos dizer que talvez o Rubinho ainda chegue em primeiro lugar, haja vista o progresso que ele tem feito com o novo carro.
Mim também vai para o pódio
O mais interessante de tudo é que a maioria que comete este que é o terceiro maior erro em freqüência na comunicação oral sabe como deveria falar, mas na hora de construir a frase erra. Ao justificarem o erro cometido dizem: É para mim lembrar que devo usar o eu no lugar de mim antes do verbo.
Devemos usar o eu antes do verbo porque neste caso ele funciona como sujeito do infinitivo. Só se usa o mim quando o eu não for sujeito, como por exemplo: Ele trouxe a roupa para mim.
Entretanto, em casos em que mim completa o sentido de adjetivos como difícil e impossível, o certo é para mim, porque já não funcionará como sujeito.
Aguarde que voltamos com mais erros comuns na hora de falar...policie-se!
Fonte: Prof. Reinaldo Polito
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